Monday, 26 May 2014

Crónica da Sessão II.12



Os dias passam em Porto Mantícora com os heróis a separarem-se por alguns momentos, de forma a poderem seguir as suas agendas pessoais. Bellerophon conversa com a Princesa Ibis Suntarion a respeito das marcas que Ascaris deixou no seu pégaso. Thorkron arrisca uma visita ao barco do “Grande Achaerbas”, apostado em convencer o mago a ajudá-lo a progredir nos seus estudos arcanos. Barion recebe um desesperado pedido de auxílio por parte da Rainha-Mãe, que teme pela vida do pequeno Tersites Agatarkion. Quanto a Meshif… O que é feito de Meshif?

"Pesadelo na Capital"
Crónica: link

O Grande Achaerbas

Sessão II.12 – BOO!




Jogador 1: “Posso só fazer uma coisa ainda da sessão anterior?”
Jogador 2: “Ah! E se eu puder fazer uma cena também…”
Jogador 3: “Epá, já agora, antes de começarmos eu também tinha uma cena pra fazer!”
Jogador 1: “Olha, e só mais uma coisa… É rápida!”
Jogadores 2 e 3: “Eu também faço só mais uma cena!”
Beeeeem, ao menos não me posso queixar de não ter jogadores empenhados! Não deve haver muitos DM por esse mundo fora que necessitam de quase uma hora para começarem a sessão, tudo porque os jogadores querem tratar ainda de “só mais uma cena” que ficou por tratar da sessão anterior. Gosto! Gosto!
A sessão foi pequenina, mas muito interessante. Creio que a dinâmica do grupo está a chegar a um ponto muito bom. Gostei de ver os diferentes pontos de vista no final em relação quanto ao que cada um pensa em relação à melhor forma de proteger o príncipe-bebé.
E ACHAERBAS! ACHAERBAS! ACHAERBAS! ACHAERBAS TODOS OS DIAS! Aaaaai que saudades de interpretar um NPC “dos meus”. Tenho-me andado a portar tão bem, e de forma tão séria, ao longo das últimas sessões, que já ansiava por um “over-the-top”. E se saiu bem! Adorei! Quero mais!
Tenho muita pena por termos destruído a casa do Senhor Barion com fogo, ácido e vómito de nenuco… >:]
O combate também foi muito bom (Animated Dream, Bestiary 2), pois foi desafiador e deu-me ideias giras para possíveis “dragões incorpóreos” no futuro… Tehehehehe!
E como fomos forçados a uma paragem de 2 meses, achei que era catita fazer um “session recap” num formato diferente. Aqui fica (apesar da fraca qualidade dos scans)!




Monday, 12 May 2014

Mindjammer – RPG Lisboa 39




O Grupo RPG Lisboa organizou no IST um dos seus encontros mensais nos quais participei pela primeira vez, inscrevendo-me para jogar Mindjammer. Trata-se de ficção-científica, space opera, no sistema FATE.
Com um GM e quatro jogadores, para uma sessão de jogo prevista para 4 horas, optou-se pelo modo de construção de setting e personagens à medida que se joga. Já estou a gostar! O GM começou por apresentar os traços gerais do ambiente: alguns 17.000 anos no futuro, com uma Humanidade que se expandiu pelo Universo, existem uma série de galáxias habitadas, havendo uma Nova Comunalidade Humana, estando actualmente a decorrer o ano 190 da 2ª Era, e tendo a faster-than-light travel sido descoberta há 200 anos. Quem quiser conhecer o setting mais em detalhe: link.
Em termos do que existe, e do que não existe, o limite é mesmo a ficção-científica. Ou, por outras palavras, a imaginação. E é graças a isso que dou comigo perante o seguinte cast of characters:
» uma nave inteligente cuja “mente” é baseada num famoso herói explorador, mas que prefere assumir um avatar feminino, e que por ser extremamente curiosa adoptou o nome BOBCAT (porque a curiosidade matou o gato);
» um engenheiro que viu demasiados filmes de anime e como tal tem “fétiches” com máquinas – notem que as aspas indicam precisamente uma espécie de Herr Flick que gosta de fazer hanky panky com torradeiras;
» um urso xenomorfo igual aos do Red Alert 3, com uma particular apetência para entrar em modo Mortal Kombat com tudo o que se mexe, e que tem uma arma inteligente que passa metade do tempo a discutir com ele.
Ora bem, perante tal pandemónio, e porque em todo o lado é sempre bom ter algum nível de sanidade, eu optei por ser um humano convencional, aristocrata, segundo filho de uma poderosa corporocracia à qual dei o nome Amadeo, com uma personalidade cínica e bastante mentiroso.
Algo muito interessante que existe neste sistema é o facto de cada jogador ter uma quantidade de “fichas de Poker” que pode gastar para desenvolver aspectos ao longo da história, incorporando-os no setting.
E assim começou a história, connosco no bar de uma estação espacial e com o GM a puxar pela curiosidade da nave para a compelir a ir falar com uma raposa. Yup, definitivamente sou o único ser normal que resta no Universo. Ficamos a saber que a raposa chamada Lany anda stressada porque não consegue saber o que aconteceu aos seus dois irmãos que tinham ido procurar trabalho junto da Corporação Amadeo, em qualquer coisa associada à exploração de minério off-planet. O engenheiro Herr Flick entra então na Mindscape (uma espécie de mega-internet espacial) e consegue descobrir na rede da Amadeo a existência de um projecto negro em Sauron II que envolveu 5.000 trabalhadores, mas cujas informações são praticamente inexistentes. Decido então gastar uma das fichas de Poker para convencer o GM a deixar-me entrar em contacto com uma ex-namorada que é uma espécie de engenheira-chefe na Amadeo. Qual não é a minha surpresa quando descubro que a Jana Carver decidiu passar por um processo de trans-humanização e agora é um homem. FUCK MY LIFE! Não me basta andar numa nave hermafrodita, operada por um tarado que gosta de explorar os extra sockets das tomadas eléctricas, e um Chewbacca que sofre do complexo Hulk Esmaga… e agora isto?! Não admira que esta sessão tenha decorrido no mesmo dia em que o Festival da Canção foi ganho por uma mulher com barba!!!!! E ainda se admiram que a maioria da malta prefira Dungeons & Dragons? Ao menos em D&D o pior que uma pessoa pode ser é um elfo! Mas enfim, eu sou um aristocrata, uma pessoa nobre, de classe alta, e portanto há que manter a compostura. Graças a este contacto ficamos a saber que há algo extremamente secreto e suspeito em Sauron II, e que envolve o meu irmão Jonhattan Amadeo.
Desejoso de me pôr a 400 anos-luz daquele freak show, aquecemos os motores da nave e apontamos a Sauron II. À chegada, não há sinais de comunicações nem de qualquer tipo de actividade. A nave envia umas sondas exploratórias (nem me vou dar ao trabalho de fazer qualquer trocadilho que envolva o engenheiro Herr Flick…), e acabamos por descobrir uma estação espacial semi-abandonada, a perder altitude, e que dentro de pouco tempo vai entrar na atmosfera e crash n’ burn. No seu interior são detectados ténues sinais de vida.
Apressamo-nos a entrar na estação espacial, onde todos os sistemas aparentam estar inoperacionais. A nave, em forma de avatar, e o engenheiro freak tentam explorar formas de reestabelecer a inteligência artificial da estação, e com isso “acordar” os sistemas de operação. Não estando o meu sangue azul disposto a ficar à espera para ver que “técnicas exploratórias” o Herr Flick ia experimentar, agarro num kit de primeiros socorros e puxo o urso pelos bigodes para irmos à procura de sobreviventes. Deparamo-nos com uma porta de metal soldada. Quando batemos nela, ouvimos resposta do outro lado. Peço ao urso para rebentar com a porta, e ele decide tentar fazê-lo recorrendo “aos ensinamentos do mestre Chuck”. Depois de algumas dentadas, arranhadelas, pontapés, kamehamehas, chaaaaaaarge!, e afins, lá se convenceu que precisava de usar a arma, que entretanto baptizara. Já não me lembro que nome lhe deu, mas vamos assumir que foi Tanya. Hey, ele é um urso do Red Alert, portanto… faz todo o sentido.
Os nossos companheiros conseguem voltar a pôr a estação a funcionar, e nesse preciso momento começamos a ouvir o sistema de autodestruição a iniciar-se. No meu tom altamente aristocrático e bem-falante identifico-me à A.I. como sendo o filho de Lorde Emerus Amadeo, tendo uma security clearance de nível 4, e ordeno a paragem imediata do sistema de autodestruição. Et voilá, ainda não é desta que morremos.
Um dos irmãos da raposa Lany morreu, mas o outro ainda está vivo. E quem é o evil mastermind que está por detrás de tudo isto, tendo abandonado todos os operários à morte certa? Precisamente o meu irmãozinho Jonhattan, com a ajuda da minha ex Jana. Que parzinho tão amoroso. A ver se não me esqueço de enviar uma granada a cada um pelo Natal.
Quando regressamos ao nosso planeta de origem, Safira IV, descobrimos que temos 300 naves da polícia atrás de nós porque estamos acusados de terrorismo. Enquanto a BOBCAT se esmifra toda para fugir à polícia, uso mais uma das minhas fichas de Poker para contactar o Juiz Desembargador Gant, a quem ajudei a desmascarar o escândalo que envolvia Thaddeus Clay, o associado do meu pai, e explico-lhe rapidamente tudo o que se passa. O simpático juiz diz-me que o melhor é entregar-me às autoridades, e a minha “empatia” com a personagem permite-me perceber que ele também está envolvido na tramóia.
Chegamos à fase dos dados… e as coisas não correm bem! Temos 3 naves da polícia a perseguir-nos em alta velocidade, e a nossa BOBCAT não lhes consegue fugir (porque os dados não deixam). Os polícias lançam mísseis, e a BOBCAT não consegue evitar um catrapázio de dano (porque os dados não deixam). Optamos por retaliar, e disparamos contra os polícias, mas sem surtir qualquer efeito (porque os dados não deixam). Os polícias voltam a disparar… e a BOBCAT volta a levar dano e não se vai safar desta (porque os dados não deixam).
Bom, o que tem de ser tem muita força. Contacto o chefe da polícia, e de forma muito aristocrática digo-lhe para cessarem de imediato as hostilidades, porque eu sou uma pessoa importante, ao contrário do urso… que é um mero xenomorfo. Acabamos por nos render, e a nossa nave é abordada pelos polícias. Trato o chefe por sargento, ao que ele me responde, trombudo, que é capitão. Decido então tratá-lo por cabo, e a partir daí tenho a noção de que fiz mais um amigo… Insiste que tenho de o acompanhar para que a minha identidade seja devidamente confirmada. Mas desconfio que assim que eu sair desta nave, eles mandam-na para os anjinhos xenomorfos. E apesar de os meus companheiros serem apenas um urso com mau feitio, um tarado que gosta de fazer bondage com aspiradores da Rowenta, e uma nave hermafrodita… I kinda like them. Recuso-me a obedecer à polícia, e nesse momento eles atiram uma granada de gás para o interior da BOBCAT, enquanto fecham a porta!
Fim da sessão.

Considerações
Foi uma sessão de jogo muito divertida, num espírito muito descontraído, com o GM a potenciar as ideias dos jogadores, e a dar-lhes total liberdade para inovar. Gostei de experimentar o sistema FATE, embora o tenha feito apenas muito por alto, mas esta “liberdade construtiva” que permite um tipo de jogo que puxa muito pelo roleplay, e que deixa de lado a filosofia “ou tens X ranks e o feat Y ou então não dá”, pareceu-me algo digno de aposta.

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